terça-feira, 25 de setembro de 2012

O JAGUAR E A CADEIRA DE RODAS - Para refletir

O JAGUAR E A CADEIRA DE RODAS

          Um jovem ebem sucedido executivo dirigia por sua vizinhança, correndo um pouco demais em seu novo Jaguar. Observando crianças se lançando entre os carros estacionados, diminuindo um pouco a velocidade, quando achou ter visto algo. Enquanto passava, nenhuma criança apareceu. De repente uma pedra espatifou-se na porta lateral do Jaguar! Freou bruscamente e du ré até p lugarde onde teria vindo a pedra. Saltou do carro e pegou bruscamente uma criança, empurrando-a contrab um veículo estacionado e gritou:
          __Por que isso? Quem é você? Que besteira você pensa que está fazendo? Este é um carro novo e caro, aquela pedra que você jogou vai me custar muito dinheiro. Por que Você fez isso?
          __Por favor, senhor, me desculpe, eu não sabia mais o que fazer! Ninguém estava disposto a parar e me atender neste momento. Lágrimas corriam do rosto do garoto, emquanto apontava na direção dos carros estacionados.
          __Meu irmão desceu sem freio e caiu de sua cadeira de rodas e não consigo levantá-lo sozinho.
          Soluçando, o menino perguntou ao executivo:
          __O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira de rodas?
          Ele está machucado e é muito pesado para mim.
          Movido internamente muito além das palavras, o jovem motorista, engolindo um "não mesmo" dirigiu-se ao jovenzinho, colocando-o em sua cedeira de rodas. Tirou seu lençi, limpou as feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem.
           __Obrigado e que Deus possa abençoa-lo __a criança disse a ele.
           O homem então viu o menino se distanciar... empurrando o irmão em direção à casa. Foi um longo caminho de volta para o Jaguar... um longo e lento caminho de volta.
           Ele nunca concertou a porta amassada para lembrá-lo de não ir tão rápido pela vida, que alguém tivesse que atirar um tijolo para obter a sua atenção.
           A VIDA sussurra e fala aos nossos corações. Algumas vezes quando nós não temos tempo de ouvir, Ela permite que alguém jogue um tijolo em nós.
            E a escolha é nossa: ouvir o sussurro ou esperar pelo tijolo!

        História tirada do livro Sabedoria em parábolas do Profº Felipe Aquino

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FOGO MORTO

FOGO MORTO
de José Lins do Rego

Fogo Morto (1943) é a obra-prima de José Lins do Rego. Como romance de feição realista, esse livro procura penetrar a superfície das coisas e revelar o processo de mudanças sociais por que passa o Nordeste brasileiro, num largo período que vai desde o Segundo Reinado, incluindo a Revolução Praieira e a Abolição, até as primeiras décadas do século XX.

O tema central de Fogo Morto é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX. O romance conta a história de um poderoso engenho, o Santa Fé, desde sua fundação até o declínio, quando se transforma em "fogo morto", expressão com que, no Nordeste, designam-se os engenhos inativos. Retomando o espírito de observação realista, o autor produz um minucioso levantamento da vida social e psicológica dos engenhos da Paraíba. Em virtude do apego ao cotidiano da região, Fogo Morto apresenta não apenas valor estético, mas também interesse documental.

Fogo Morto não se esgota na classificação de romance regionalista, embora essa seja uma noção correta. Há outros componentes importantes na obra, a partir dos quais se pode enquadrá-la numa tipologia consagrada. Talvez o mais ilustre antecedente de Fogo Morto na literatura brasileira seja O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo. Em que sentido? No sentido de tomar uma personagem coletiva como objeto de análise. Assim como Aluísio investiga o nascimento, vida e morte de um cortiço do Rio de Janeiro, José Lins penetra no surgimento, plenitude e declínio do Engenho Santa Fé, localizado na zona da mata da Paraíba. Com efeito, o engenho parece possuir vida própria, embora suas células sejam as pessoas que o formam. Como análise quer dizer decomposição, o autor decompõe as pessoas como forma de expor a constituição do todo. Por essa perspectiva, Fogo Morto tanto pode ser entendido como um romance social quanto psicológico. Em rigor, uma categoria não existe sem a outra. O livro é forte em ambas as dimensões.

Embora Fogo Morto apresente uma estória muito movimentada, não se trata de um romance de ação: pretende atrair pela problematização social e existencial, e não pela surpresa dos acontecimentos. O estilo da obra é modernista, pois baseia-se na linguagem cotidiana, revestindo-se de oralidade espontânea, isto é, o autor procura escrever como se fala. Resulta daí a impressão de vivacidade e dinamismo. Possui força dramática e senso do real. Poucas vezes um autor obteve tanto êxito na manipulação da frase curta e elementar, com palavras extraídas do uso diário. Seu ritmo sintático e narrativo é nervoso, quase frenético, imitando o vaivém das pessoas pelas estradas do engenho. Pertence ao Regionalismo Nordestino, porque aborda a paisagem específica dessa região, mas as questões abordadas transcendem os limites regionais, o que é comum nas obras bem realizadas.

Em Fogo Morto, o autor soube transformar em ficção a vida real dos engenhos nordestinos. Trata-se de uma sociedade decadente, marcada pelo ressentimento, pelo desajuste e pela revolta. Domina em tudo uma atmosfera de ruína social e depauperamento psicológico, embora persistam aqui e ali sinais de uma felicidade antiga, restrita aos habitantes da casa-grande. Sem pertencer propriamente ao famoso Ciclo da Cana-de-Açúcar, Fogo Morto é uma retomada mais densa da matéria dos romances que o compõem: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Bangüê (1934), e Usina (1936). Neste último romance, José Lins retrata a decadência dos engenhos por força do processo industrial das usinas, que suplantam a produção artesanal. Todavia, em Fogo Morto, ainda não há sinais de industrialização na produção de açúcar. Quanto a José Amaro, sim, sua decadência decorre em parte do processo de industrialização das selas, que já ocorre nos centros urbanos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A COMÉDIA DOS ANJOS - História do Pelé em comédia

A COMÉDIA DOS ANJOS
de Adriana Falcão



Você gosta de futebol?
Dona Maria Madalena Teresa de Jesus Rita de Cássia Santana também.
Mas nem tanto de jogadores de futebol. Muito menos de um, chamado Paulo Henrique, que foi casado com sua filha. Tanto que ela foi capaz de morrer e descer de novo à Terra só para separar os dois. Sem saber que sua decisão poderia impedir que um certo menino de 17 anos, convocado como reserva , jogasse na Copa de 1958 e se tornasse o futuro rei do futebol.
Claro que é tudo brincadeira da escritora Adriana Falcão. Mas uma brincadeira que vai fazer você rir pra valer.
Um livro para jovens de todas as idades (gostem ou não de futebol).

A TUMBA DO RELÂMPAGO - Fatos reais

A TUMBA DO RELÂMPAGO
de Manuel Scorza



Donos de glebas comunitárias que lhes foram legalmente destinadas ainda na era colonial, os comuneiros do Peru lutaram durante séculos para recuperar as terras que pouco a pouco eram arrebatadas por latifundiários e grandes empresas internacionais.
Os historiadores oficiais silenciam sobre essas lutas sempre recomeçadas por índios andrajosos que descem dos Andes Centrais a fim de reaver o que é deles. Para combater essa conspiração feita de silêncio, e na qualidade de testemunha e ator desse drama, Scorza construiu em amplo mural de Cantatas e ao qual deu o nome geral de Cantatas a ao qual pertence este romance.
Aqui el descreve uma dessas rebeliões, seu esmagamento, o massacre de homens, mulheres e crianças pelas tropas governamentais. Aqui, como sempre, a esperança brota, mas é logo abatida. Para os comuneiros, a esperança é brev como um relâmpago.
O presente romance é um epitáfio na tumba desse relâmpago.
Os fatos relatados são reais.
Pela narrativa circulam não apenas personagens, mas também pessoas, com seus nomes verdadeiros. Esse é caso de Genaro Ledesma, que se tornou um líder popular e cujas lutas o levaram várias vezes à prisão.
A Tumba do Relâmpago testemunha o seu nascimento como revolucionário.
Imaginação e consciência política, lirismo e necessidade revolucionária são outros eixos sobre os quais gira este romance, diretamente vinculado à tradição de homens que pensaram o Peru mediante a ficção ou ensaio filosófico: González Prado, Mariátegui, Vallejo, Alegria e Arguedas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS - Aventura

VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS
de Júlio Verne
Por Ana Lucia Santana


O clássico Vinte Mil Léguas Submarinas, tradução do francês Vingt mille lieues sous les mers, é um dos livros mais conhecidos de Júlio Verne, lançado em 1870. Nele o autor exercita sua incrível imaginação, ao conceber, na metade do século XIX, um submarino tão avançado quanto o Náutilus, totalmente independente da jurisdição e dos recursos terrestres, impulsionado pela eletricidade.
Vinte Mil Léguas SubmarinasSeu comandante, o Capitão Nemo, se julga um incompreendido, daí ter escolhido se retrair em um mundo só seu, abaixo do mar, longe de tudo e de todos. Para esse fim ele concebe sua brilhante obra de engenharia, a qual só depende dos meios oferecidos pelo ambiente marítimo para sobreviver. É deste meio também que ele retira o alimento, e tudo que ele e seus homens necessitam para viver.

Os seres humanos não têm conhecimento da existência deste fantástico submarino, que conta em seu interior até mesmo com uma biblioteca e uma cozinha. Involuntariamente, porém, esta engenhosa máquina começa a destruir navios e outros barcos, e passa a ser confundido com um terrível monstro marinho. Desta forma tem iníco uma verdadeira caçada a ele.
Uma embarcação dos EUA, o Abraham Lincoln, com o naturalista francês Aronnax, seu serviçal Conseil e o habilidoso arpoador Ned Land a bordo, junto aos demais tripulantes, parte de Nova York em busca desta assustadora criatura. Ao se depararem com o suposto animal perverso, os protagonistas desta aventura caem nas águas, após a destruição da fragata, e são resgatados pelo Capitão Nemo.
Assim eles finalmente encontram o misterioso personagem, e ao seu lado vivenciam inúmeros feitos extraordinários, atingindo ilhas repletas de seres primitivos, combatendo tubarões, gigantescos polvos, e extraindo pérolas preciosas de conchas depositadas nos abismos marítimos.
Todas essas histórias saem da mente de um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos. Ao longo de vários meses o submarino atravessa milhares de quilômetros abaixo da superfície, mantendo os viajantes do Abraham Lincoln aprisionados, mas livres para circularem pela embarcação.
Neste período o Náutilus perfaz a distância a que o título desta obra alude – vinte mil léguas -, permitindo aos seus membros conhecerem lugares os mais distintos e exóticos, e viverem as mais fantásticas histórias, ora sob o mar, ora na superfície.
Júlio Verne foi um romancista profundamente inspirado pelos avanços científicos e tecnológicos do contexto em que viveu. Esta marca no seu pensamento é tão profunda, que ele decide se dedicar à criação de uma obra mesclando ficção e conhecimentos proporcionados pela Ciência de sua época. Desta forma ele consegue transformar todo este saber em narrativas épicas, glorificando o esforço humano em seu combate aguerrido para subjugar e subverter as forças naturais.

EMILIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA

EMILIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA
de Monteiro Lobato

Diante das dificuldades de Pedrinho com as aulas de Gramática com sua avó, Emília propõe a turma irem ao país da Gramática, levados pelo rinoceronte, que garantia ser grande conhecedor do lugar. Seguiram viagem em monta no rinoceronte - depois batizado pela Emília, por Quindim - Emília, Pedrinho, Narizinho e Visconde. Gramática é um pais com várias cidades, e eles decidiram visitar a cidade de Portugália, onde moram as palavras da língua portuguesa. Quindim, como se percebe em todo livro, não é um mero condutor das crianças ao país da Gramática, é sim, um grande gramático, que vai por meio de explicações lúdicas, facilitar o conhecimento das regras e dos conceitos gramaticais de nossa língua. 
Assim como na Gramática tradicional, a visita à cidade Portugália se inicia pelos sons da língua, depois ruma em direção das vogais e consoantes, passando pelo substantivo, adjetivo, verbos ... até ao estudo ortográfico. Tudo na maior diversão, com enredo cativante  e diálogos engraçados.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA

CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA
Ignácio de Loyola Brandão


Frases ouvidas na rua, diálogos de filmes, situações insólitas do cotidiano, notícias de jorna: o escritor registrou tudo no seu diário.
E transformou anotações em crônicas que nos emocionam pela leveza e pela sensibilidde. Ao registrar suas impressões do dia-a-dia, o romancista Ignácio de Loyola Brandão transforma-se num cronista afiado. Ele se lembra de Cássio, o rapaz geração-saúde, viciado em academia; da senhora misteriosa, cujo marido pesquisava o poder dos raios; e do jovem aterrorizado diante do vestibular. São pessoas que ele conheeu ou apenas viu de passagem, gente como você, que cruza as ruas histórias na história do mundo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ARTE E CIÊNCIA DE ROUBAR GALINHAS - crônicas

ARTE E CIÊNCIA DE ROUBAR GALINHA
João Ubaldo Ribeiro
               A gente tem a tendência de pensar que só o que nós fazemos é difícil e complexo, cheio de sutilezas e complicações invisíveis aos olhos dos "leigos". Isto, naturalmente, é um engano que a vida desmascara a todo instante, como sae quem quer que já tenha ouvido com atenção qualquer homem falar de seu trabalho, que sempre, por mais simples, envolve atividades e conhecimentos insuspeitados.
          Assim é, por exemplo, roubar galinha. Tenho um amigo aqui na ilha que é ladrão de galinha. Camemo-lo de Lelé, como naqueles relatos verídicos americanos em que se trocam os nomes para proteger inocentes. So que, naturalmente, a nossa troca se faz para proteger um culpado, no caso o próprio Lelé. É bem verdade que todo mundo aqui sabe que ele rouba galinha, mas não fica bem botar no jornal, ele pode se ofender...
(trecho de uma crônica do livro)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

ARTHUR e a guerra dos dois mundos - Aventura

ARTHUR  e a guerra dos dois mundos
de Luc Besson



M., o maldito, sempre maquiavélico, aproveitou a abertura do raio da lua para crescer e passar para o mundo dos humanos. Todos temem o pior, pois essa criatura abominável agora mede mais de dois metros de altura e está decidida a conquistar novas terras.
Diante de uma ameaça tão terrível, Arthur e seus amigos usarão todas as artimanhas, aproveitarão todas as situações mais inesperadas, enfim, farão de tudo para estragar o assustador plano de Maltazard. Mas será que vale a pena lutar contra um monstro gigantesco quando se mede apenas dois milímetros de altura.

TIO ROBINSON - Aventura

TIO ROBINSON
de Júlio Verne



            Em 1861, um veleiro navega para os Estados Unidos da América, levando a bordo uma família: o pai, a mãe e os quatro filhos.
           Um dia, a tripulação se amotina e abandona a família em um bote, que acaba encalhando numa ilha deserta em pleno Pacífico, onde estes heróis involuntários, graças à ajuda de um intrépido marinheiro que os acompanha, deverão sobreviver em um meio hostil e desconhecido.
           Começa assim este romance de Júlio Verne, pertencente ao conjunto de arquivos e manuscritos que a cidade de Nantes adquiriu de seus descendentes em 1981.
           Tio Robinson é o primeiro romance de Verne cujos protagonistas são crianças e adolescentes. Dele, o autor iria tirar mais tarde vários elementos para publicar A ilha misteriosa. Divertido, envolvente e instrutivo, Tio Robinson continua sendo uma fonte inesgotável de sonhos para aqueles que amam os livros de aventura.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

CAZUZA - Como era a sala de aula no passado

CAZUZA
de Viriato Corrêa



         Este livro foi escrito numa época em que a educação era um instrumento de consolidação de um regime autoritário e controle social iniciado na Era Vargas. O Brasil passava por uma fase de transição do Império para a República. O reflexo deste momento histórico nas escolas não era dos melhores: A instituição era uma prisão. Os alunos eram obrigados a ouvir o que o professor falava e deveriam ficar quietos; Qualquer comportamento que não o agradasse, era motivo para castigo como, por exemplo, a palmatória – conhecida como “bolo” em algumas regiões. Diante dessa realidade, o autor Viriato Corrêa não apenas escreveu um romance mas também criticou o autoritarismo e denunciou práticas violentas que ocorrem na sala de aula, onde o professor era o senhor do poder enquanto os alunos eram escravos que apenas “cumpriam” ordens num ambiente carcerário. Este obra rompe com esse regime de servidão e colabora para a construção do Estado Novo, do cidadão novo. Sua leitura é indispensável para a formação das crianças pois traz questões que envolvem ar virtudes a moral, a valorização da família e o papel da escola como agente de formação e não de repressão. 


CORAÇÃO ROUBADO - Cronicas

CORAÇÃO ROUBADO
de Marcos Rey



Quem é que nunca foi perseguido por um chato insistente ou então se meteu numa encrenca daquelas, sem saber direito como escapar são e salvo? Em suas divertidas crônicas, Marcos Rey mostra que há certas situações na vida que só rindo mesmo... São cenas hilariantes, absurdas, constrangedoras, delicadas... presentes no dia-a-dia de qualquer pessoa em qualquer lugar. 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

MANUELZÃO E MIGUILIM - Corpo de baile

MANUELZÃO E MIGUILIM
de João Guimarães Rosa



      "Todos os dias que depois vieram, eram tempos de doer. Miguilim tinha sido arrancado de uma porção de coisas, e estava no mesmo lugar.
       Quando chegava o poder de chorar, era até bom - enquanto estava chorando, parecia que a alma toda se sacudia, misturando ao vivo todas as lembranças, as mais novas e as muito antigas. Mas, no mais das horas, ele estava cansado. Cansado e como que assustado. Sufocado. Ele não era ele mesmo. Diante dele, as pessoas, as coisas, perdiam o peso de ser. Os lugares, o Mutum - se esvaziavam, numa ligeireza, vagarosos. E Miguilim mesmo se achava diferente de todos. Ao vago, dava a mesma ideia de uma vez, em que, muito pequeno, tinha dormido de dia, fora de seu costume - quando acordou, sentiu o existir do mundo em hora estranha, e perguntou assustado: - 'Uai, Mãe, hoje já é amanha?!'"

EURICO, O PRESBÍTERO

EURICO, O PRESBÍTERO
de Alexandre Herculano



No século VII, os árabes invadem a Península Ibérica. Eurico vê-se forçado a optar entre a fé em Deus e o amor à terra em que vive. Mas será que ele é capaz de comandara a resistência à invasão? Em Eurico, o presbítero, Alexandre Herculano trouxe a tradição dos romances românticos de cavalaria para a língua portuguesa, numa obra épica e emocionante.