terça-feira, 19 de março de 2013

O OUTRO LADO DA ILHA - INFANTO JUVENIL

O OUTRO LADO DA ILHA
de José Maviael Monteiro

Resumo da Ficção: Cirilo, um biólogo leva a sua irmã Débora, marido Robson, o filho Ivan de 15 anos e sobrinhas Lia de 14 anos e Leda a uma expedição a uma ilha.Também levaram o cão de estimação, Ralfe. Nessa ilha, chamada ilha de Cacaia, o biólogo quer estudar sobre as aves que fazem seus ninhos nesta ilha. 
Só que estas aves fazem seus ninhos do outro lado da ilha, um lado que é fechado e ninguém nunca foi lá e também é cheio de Mistérios. 
Quando chegaram à ilha, primeiramente foram explorá-la, dando nomes aos lugares que iam encontrando. A pequena Leda está na praia e um pequeno caranguejo gruda com a pinça em seu pezinho. Ela dá um grito que todos que estão por perto vão a seu socorro. 
Foram à torre que tinha na praia desta ilha e descobriram que lá existia um mapa desenhado na parede de pedras, e já um pouco apagado pelo tempo, vento, chuva... 
A princípio as crianças acharam que se tratava de um mapa do tesouro, estava escrito em francês. Entretanto, tio Cirilo esclareceu que não se tratava de um mapa do tesouro, mas sim, que no mapa falava de caranguejos gigantes. 
Tio Cirilo percebeu que não teria outro jeito de abrir passagem para o outro lado da Ilha, senão explodindo as pedras que impendiam à passagem. Então, ele, Ivan e Robson colocam dinamites e explodem as pedras. 
À noite, todos da casa são acordados com os enormes gritos da pequena Leda. A tia Débora vai ao quarto de Leda e Lia para tentar acalmá-la. Leda só sabia gritar que tinha visto um enorme caranguejo e tia Débora diz que foi apenas sonho. 
No dia seguinte, os homens foram explorar o outro lado da Ilha. E também, Ivan e Lia sentem que algo diferente está acontecendo entre eles. 
Ao explorarem o outro lado da ilha, no começo, Ivan ficou até um pouco decepcionado, afinal, não tinha nada de diferente por ali. Até que eles viram várias carcaças de aves e um odor horrível infestava o ar. Robson, Cirilo e Ivan ficaram em dúvida se existiria algum animal muito grande na ilha. 
Naquela noite aconteceu algo assustador. Ralfe, o cão, que estava dormindo fora da casa começou a latir muito, de repente os latidos se transformaram em ganidos de medo. Robson abriu a porta para Ralf entrar, e este entrou rapidinho e se escondeu atrás do sofá. Leda deu outro grito de medo, todos tentaram olhar pela janela mas estava escuro, a lua estava escondida entre as nuvens e estava chovendo muito, por isso, não conseguiram porque Ralf estava com tanto medo. 
No outro dia, Robson, Cirilo e Ivan, junto com o Ralfe foram ver se conseguiam achar alguma pista do que tinha acontecido naquela noite. 
Perceberam que havia manchas de sangue no curral onde ficavam as cabras selvagens que habitavam naquela ilha. Não restava mais dúvida de que alguma coisa habitava aquela ilha. 
Naquela noite começou o pesadelo novamente: as cabra gritando, assustadas, Ralfe latindo, só que desta vez ele estava dentro de casa. Robson, Cirilo e Ivan tentaram mais uma vez ver o que estava acontecendo ali fora. 
Desta vez o bicho quebrou o vidro da janela e todos se assustaram e gritaram. 
Cirilo que tinha apagado a lanterna desta vez viu o enorme bicho. Era um caranguejo gigante! Leda quando viu disse a tia que foi aquele caranguejo que ela tinha visto na noite passada. Robson pegou a espingarda e atirou no bicho que foi embora. 
Na manha seguinte, Débora já tinha tomado a decisão de ir embora. Se Robson e Cirilo quisessem ficar, tudo bem, mas ela, seu filho e suas sobrinhas iriam embora. 
Robson e Cirilo foram atrás do barco para poder levá-los embora, entretanto Cirilo estava machucado por causa dos estilhaços de vidro da janela que quebrou na noite passada. 
Ao chegar ao local que estava o barco viram que o barco não estava mais lá. E, para piorar a situação, apareceram dois caranguejos gigantescos e foram para cima deles. Robson que estava com a arma atirou e os dois caíram na ribanceira. 
Depois do susto, eles decidiram voltar e avisar que não tinha como ir embora, afinal, o barco havia desaparecido. Como Cirilo estava muito machucado no pescoço, Robson achou melhor colocá-lo em segurança dentro de uma estreita gruta que havia ali perto enquanto ele voltava para pedir ajuda e pegar um pouco de comida para o cunhado. 
Chegando a casa pediu para Débora preparar um lanche para levar a Cirilo enquanto ele almoçava e pediu que Ivan fosse junto para poder ajudar a trazer o tio. 
Quando voltaram, viram que Cirilo não estava mais lá, só estava a arma do mesmo jeito que Robson havia deixado para a proteção de Cirilo. 
Diante dessa situação, resolveram voltar e avisar as meninas que Cirilo havia desaparecido e sobre o barco também. 
Débora Lia e Leda ficaram desesperadas. Até que Ivan teve a idéia de ascenderem uma fogueira para que se passasse algum barco por ali, saberia que teria pessoas ali. E de dia eles procurariam Cirilo, que era mais seguro do que sair a noite com os caranguejos a solta.
Foram à busca de Cirilo, entretanto, em vão. 
Ivan teve a idéia de fazer da torre que existia ali na praia de farol. Foram ele Lia e o cão. 
Chegando lá tentaram ascender o lampião de querosene para iluminar bem, tentaram uma vez, mas apagou, outra vez e nada, a terceira vez ascendeu! Uma luz forte e brilhante. Eles vibraram. Entretanto, apagou novamente. 
Ivan aproveitou a situação para puxar Lia e lhe dar um beijo, que não achou ruim e retribuiu o beijo. 
O beijo foi interrompido com os latidos de Ralfe. Ivan tentou ascender o lampião mais uma vez e viu a sombra de enormes pinças tentando subir as escadas. Eles ficaram sem saber o q fazer. Até que Ivan teve a idéia de jogar o lampião de querosene em cima dos caranguejos para poderem ir embora. 
Funcionou! 
Quando chegaram a casa, o tio Cirilo e seu amigo francês Jean Clautel (naturalista e cientista que levou Cirilo pela primeira vez a ilha, anos atrás) estavam na casa junto com Débora, Robson e Leda. 
Eles se apresentaram, mas não tinham tempo de explicações, pois os caranguejos tinham ido à floresta que existia na ilha e a floresta estava pegando fogo. 
Clautel teve a idéia de isolar o fogo derrubando alguns troncos de árvore numa parte rala da ilha, com grandes clareiras. 
Finalmente, depois de horas de trabalho duro de Cirilo, Robson e Clautel, o fogo estava restrito a uma pequena parte da mata. 
Voltaram a casa e ai sim começou as explicações. Cirilo explicou de onde conhecia Clautel que contou que morava naquela ilha desde a época em que levou Cirilo para a primeira expedição a ilha, e Clautel quem tinha criado os caranguejos gigantes, mas estava arrependido de tê-los criado, afinal, estavam acabando com toda a fauna da ilha. 
Contou também que só criou seis desses monstros. E pelas contas de Ivan só faltava um caranguejo. 
O fogo que estava na mata chamou a atenção de um barco que estava passando por ali e este os levou de volta para a casa. 

O MUNDO DE SOFIA - FILOSOFIA

O MUNDO DE SOFIA
de Jostein Gaarder

O livro "O Mundo de Sofia", do escritor norueguês, Jostein Gaarder, conta a história de uma adolescente que leva uma vida aparentemente normal, até que um fato curioso começou a tirar o seu sossego, cartas misteriosas, com algumas perguntas estranhas começaram a aparecer em sua casa.
O conteúdo das cartas traziam conhecimentos filosóficos sobre os filósofos naturais, pré-socráticos, medievais, modernos e pós-modernos.
Para a menina, eram questões instigantes, seus professores da escola não tinham o hábito de levar as crianças a pensar.

A grande sacada do livro é ensinar a filosofia através da literatura. É mesclar os conhecimentos a uma história empolgante. A história de Sofia e de Alberto Knox foi parar nas telinhas também.

O principal ensinamento do livro é a capacidade de admirar-se pelas coisas. Não podemos deixar que a fase adulta apague o desejo de conhecer o mundo. De tentar buscar explicações sobre o sentido das coisas. Nem sempre teremos respostas satisfatórias, aliás, quase nunca teremos essas respostas. Mas, estamos buscando a verdade. Assim como os diversos filósofos desde os tempos primitivos. Fazer filosofia é como uma aventura fantástica e o livro "O Mundo de Sofia", é uma chama inicial para buscarmos a sabedoria.

segunda-feira, 18 de março de 2013

GEOGRAFIA DE DONA BENTA - INFANTO-JUVENIL


GEOGRAFIA DE DONA BENTA
de Monteiro Lobato





INTRODUÇÃO
Geografia de Dona Benta é uma obra do grande escritor brasileiro Monteiro Lobato, que tem função Paradidática, ou seja,  o ensino de alguma ciência(neste caso a Geografia), de forma divertida edidática. Lobato foi o autor que primeiro se preocupou em escrever para as crianças, pois acreditava que nelas se depositavam as esperanças de mudança do mundo.
“A criança é um ser onde a imaginação predomina em absoluto”, defendia. O meio de interessá-la é falar-lhe à imaginação. Escrever para crianças! – exclamou em resposta a um repórter – é admirável… Elas não têm malícia, aceitam tudo, tudo compreendem.” (PROJETO MEMÓRIA)
É necessário destacar, muitas vezes, o autor faz uso de explicações da ordem do “senso comum” para dar um caráter mais “heroico” a alguns fatos históricos. Acredita-se que esse comportamento é observado pelo fato da obra ser destinada a crianças, o que não justifica o mesmo, se pensarmos no âmbito científico. Se o objetivo é o ensino de uma ciência, a realidade deve ser mantida mesmo se utilizando técnicas lúdicas, para que a criança cresça com a mente aberta, livre do fantasma da anti-ciência, que assombra nossa sociedade desde os tempos mais remotos.
Em todo caso, em relação a termos técnicos, o autor faz o uso devido da ciência e transmite um amplo conhecimento, até mesmo para adultos, já que utiliza uma linguagem simples e métodos eficazes para este propósito.
Esse trabalho tem por objetivo, uma análise geral desta obra literária, visando destacar os pontos positivos e negativos da mesma. Bem como, uma crítica mais específica, tendo em vista os aspectos geográficos, que é o assunto mais evidente.
1. GEOGRAFIA DE DONA BENTA, MONTEIRO LOBATO
O livro de Monteiro Lobato, Geografia de Dona Benta, faz parte da coleção de livros de Literaturainfantil do autor, conhecida como Paradidática [1], técnica a qual ele foi pioneiro. A obra possui trinta capítulos, sendo que, os cincos primeiros são destinados à explicação de termos mais científicos e o restante, descreve as viagens de “O Terror dos Mares” (navio de faz-de-conta, em que os personagens embarcam para estudar a Geografia do Mundo).
O autor fazia parte da Escola Pré-Modernista [2] de Literatura, embora não tenha se destacado na mesma, pela dificuldade encontrada em se expor críticas sociais (direta ou indiretamente) para uma sociedade tão embasada em uma mentalidade colonial e atrasada. Por esse motivo, Monteiro Lobato foi impulsionado a começar escrever para as crianças, pois assim, poderia estimular os pequenos a crescerem vendo o Mundo com outros olhos. Por isso, seu livro possui uma linguagem simples e de fácil entendimento.
Outro ponto relevante é o fato de Lobato, utilizar-se de termos mais comuns às pessoas, para explicar termos técnicos, ou seja, baseia-se em objetos conhecidos, para explicar os desconhecidos. Isso pode ser observado em vários trechos da obra, como por exemplo, quando Dona Benta explica os pontos cardeais, utilizando a casa do sítio como referência (Capítulo II – A Terra vista da Lua, pág.11).
A compreensão da obra é facilitada em muitos aspectos e geralmente, a explicação de um fato remete a outro. Assim, é necessário adquirir uma visão mais ampla do assunto, para que se possam entender todos os termos que estão sendo discutidos.
2. A QUESTÃO DO PETRÓLEO
Embora o livro seja escrito em terceira pessoa, o narrador aparece em poucos trechos. Na maior parte do tempo, Dona Benta em interação com seus netos, “narra” toda a História. Nesse ponto, pode-se perceber de forma bem clara, a opinião real do autor sobre cada assunto abordado, embora ele demonstre imparcialidade ao falar, na maioria dos casos. Isto não acontece, por exemplo, quando descreve cidades, estados ou países, que eram ricos em petróleo e que utilizavam comercialmente o combustível, percebemos implicitamente a opinião pessoal do autor e uma supervalorização dessa questão.
Para entender melhor esse fato, é preciso contextualizar a época em que Geografia de Dona Benta foi escrita com o cenário histórico que se passava na vida de Monteiro Lobato. A publicação data de 1935, tempos em que o autor travava uma luta, com os “grandes” do Brasil, que queriam manter em segredo a questão do petróleo no país. O escritor discordava desse modo de pensar e defendia sua exploração a qualquer custo. Por isso, em seus escritos, ele referia-se a áreas prósperas que utilizavam o combustível, como forma de ilustrar o que em tese, aconteceria ao Brasil se fizesse o mesmo:
“Num auditório abarrotado em Belo Horizonte, Lobato resume: Compreendi ser o petróleo a grande coisa, a coisa máxima para o Brasil, a única força com elementos capazes de arrancar o gigante do seu berço de ufanias” (PROJETO MEMÓRIA)
3. CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS DA OBRA
Com relação à questão que mais interessa no momento, pode-se dizer que Geografia de Dona Benta, não é um livro indicado para se analisar esse assunto sob a visão acadêmica, já que essa ciência mudou, e muito, desde que esta obra foi escrita. A maioria dos dados presente na mesma encontra-se ultrapassados em termos de números e das previsões que Monteiro Lobato faz. Um exemplo pode ser percebido quando ele fala da URSS, fazendo um sutil comentário sobre o futuro progresso da mesma, o que Lobato e a maioria das pessoas da época não contavam, era com o fim dessa nação, após Queda do Muro de Berlim e fim da Guerra Fria, em 1989.
Esse livro apresenta resquícios da Geografia descritiva[3], já que o escrito é de 1935 e a Geografia Moderna, começada por Milton Santos, só foi apresentada a partir de 1986. Trata das desigualdades sociais, utilizando uma comparação entre homens e formigas (Capítulo IX - Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, pág. 32).
Ainda no âmbito geográfico, mas partindo um pouco pra história, o autor descreve o Descobrimento do Brasil, tal qual o senso comum. Apesar do sentimento nacionalista que Lobato apresentou durante toda sua vida e de utilizar-se da verdade para ensinar às crianças (assim como fez na explicação da origem do Universo) nesse aspecto, o escritor peca (Capítulo IX - Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, pág. 35).
A obra apresenta também inúmeros dados Geológicos e citações de muitos outros livros dos mais variados autores como: A volta ao mundo em 80 dias e Os filhos do Capitão Grant, Júlio Verne; A Fome, Rodolfo Teófilo; Os sertões, Euclides da Cunha; A filha das neves, Jack London; The Jungle Book, Rudyard Kipling; entre muitos outros. Livros esses que, como ficou claro, acompanharam-no durante toda sua juventude, e inspiraram grande parte de sua obra.
4. A QUESTÃO AMBIENTAL.
No início do século XX, a questão do meio ambiente não era um forte. A maioria das pessoas pregava uma exploração descontrolada e sem limites, visando lucros. É possível, que esse jeito de pensar, tenha feito parte da vida de Monteiro Lobato, pois em muitas partes do livro, pode-se perceber certa inclinação para essa metodologia.
Vale a pena transcrever uma pequena parte, para ilustrar melhor a afirmação:
“Sábios consideram a Amazônia uma terra ainda em formação. (…) Dia virá, porém, em que o homem há de conquistar aquela bacia para transformá-la na mais maravilhosa das fazendas”.
Por esse trecho pode-se avaliar, que o autor defende a exploração da Amazônia. Existem partes, em que há um incentivo à caça e utilização da pele de animais silvestres (Capítulo XVI Terra Nova, Canadá e Círculo Ártico – pág. 65), à exploração de pinheiros para fazer papel (Capítulo XVI Terra Nova, Canadá e Círculo Ártico – pág. 65) e a desvalorização da espécie animal, pois Quindim é utilizado para ganhar dinheiro de forma humilhante (Capítulo XIV Os Andes, Vulcões e Nova Iorque pág. 57).
Não se pode, porém, condenar esse tipo de pensamento na época, pois desde que a Revolução Industrial chegou a seu auge, e os países Imperialistas se lançaram a outros países em busca de matéria-prima, a exploração, foi a palavra chave. Para que se preocupar com termos como: Desenvolvimento Sustentável ou Preservação do ambiente, se os lucros eram tudo que visavam? Por esse tipo de atitude, as gerações que procederam a esse período já vinham com uma ideia pré-determinada de exploração como fonte de renda. A maioria, não se preocupava, pois a matéria-prima era abundante e “infinita”.
“Podemos depreender da citação que essas relações ambientais, surgidas em meados de 1972, somente a partir do Relatório de Brundtland, têm seu marco inicial devido à disseminação do conceito de desenvolvimento sustentável, em 1987.” (MOURA 2010).
5. AS DESCOBERTAS IMPERIAIS.
Deixando de lado a questão ambiental e continuando a discussão sobre as Descobertas Imperiais, existem dois trechos, em que se percebe claramente uma referência a esse tema. Um em que Pedrinho assume um caráter imperialista, e fala em derrotar os índios e impor seu nome ao continente conquistado (Capítulo XVI Terra Nova, Canadá, Círculo Ártico pág. 67) e outro em que Dona Benta fala da Grécia:
“A Grécia foi um clarão, cuja luz até hoje ilumina o mundo. Quando eu digo ‘mundo’ refiro-me ao Ocidente, porque para o orgulho do Ocidente o resto do mundo não é mundo”. (Capítulo XXV No Mediterrâneo – pág.109).
Não é possível saber claramente a opinião do autor sobre esse tema, pois em contraposição a esses dois trechos, existem outros dois, que entram em contradição. É interessante transcrevê-los, pois os mesmos são os mais críticos da:
“Os grandes povos da Europa consideram-se os primeiros do mundo porque dominam os fracos. Mas dum ponto de vista mais elevado, o simples fato de ainda serem povos guerreiros, isto é, dos que só conseguem as coisas por violência, prova que estão muito longe do que constitui a verdadeira civilização”. (Capítulo XX A velha China – pág. 83).
“(…) O grande período das Conquistas, que na História figura como o mais heroico de todos, não passa do período em que a Pirataria Organizada alcançou seu apogeu. (…)”. (Capítulo XXII Oceania – pág. 96).
Outro ponto interessante E até mesmo irônico é quando o autor fala sobre a escravidão, no Capítulo XXIV Mar Vermelho e África – pág.105. Monteiro Lobato trata o assunto de uma forma “romântica”, já que conta que a escravidão foi algo tão horrível e a tragédia que ela causou foi tão grande, que os ingleses por “arrependimento”,  tomaram a dianteira e fizeram leis pra acabar com o comércio dos navios negreiros. É verdade que os ingleses fizeram mesmo um combate ao tráfico negreiro, mas com certeza não foi por arrependimento ou algo do tipo, e sim, por pura ambição comercial [4].
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra de Monteiro Lobato, Geografia de Benta, é um livro que apresenta características Geográficas, que pouco podem ser aproveitadas nos dias de hoje, cientificamente falando. Isto demonstra que, ao contrário do que muitos pensam, a Ciência Geográfica  é totalmente mutável, não só no seu método de ensino, mas principalmente, na sua forma de enxergar o mundo e as relações sociais que o movem. Em todo caso, quando analisamos o objetivo principal da literatura lobatiana, que era despertar o interesse das crianças pelos elementos que nos cerca, a obra é totalmente válida.
Através de críticas sutis, dados históricos (nem sempre contados pela versão histórica, e sim pela popular), dados geográficos, entre outros, o autor induz as crianças a crescerem com uma visão diferente do mundo. Num momento em que a realidade das escolas era a presença de professores carrancudos que passavam as matérias de forma maçante e metódica, perceber a Geografia pelos olhos dos personagens do sítio era algo inimaginável para as crianças. Está claro que a obra apresenta falhas, e se fossemos trazê-la para os dias atuais, muitas coisas precisariam ser mudadas ou adaptadas, mas para a época em questão, a mesma foi um marco importante.

Não se pode esquecer a magnitude dessa grande figura nacional (Monteiro Lobato), que teve influência não só na Literatura Brasileira, mas também no âmbito político e social, e que nos presenteou com a magia de obras que perduram até os dias de hoje.

SÃO BERNARDO - CLASSICO

SÃO BERNARDO
de Graciliano Ramos

Este é, sem dúvida, um dos romances mais densos da literatura brasileira. Uma das obras-primas de Graciliano , é narrado em primeira pessoa por Paulo Honório , que se propõem a contar sua dura vida em retrospectiva, de guia de cego a proprietário da Fazenda São Bernardo. Ele sente uma estranha necessidade de escrever, numa tentativa de compreender, pelas palavras, não só os fatos de sua vida como também a esposa, suas atitudes e seu modo de ver o mundo. A linguagem é seca e reduzida ao essencial. Paulo Honório narra a difícil infância, da qual pouco se lembra excetuando o cego de que foi guia e a preta velha que o acolheu. Chegou a ser preso por esfaquear João Fagundes por causa de uma antiga amante.
Possuidor de fino tato para negócios, viveu de pequenos biscates pelo sertão até se aproveitar das fraquezas de Luís Padilha - jogador compulsivo. Comprou-lhe a fazenda São Bernardo onde trabalhara anos antes. Astucioso, desonesto, não hesitando em amedrontar ou corromper para conseguir o que deseja, vê tudo e todos como objetos, cujo único valor é o lucro que deles possa obter. Trava um embate com o vizinho Mendonça, antigo inimigo dos Padilhas , por demarcação de terra. Mendonça estava avançando suas terras em cima de São Bernardo. Logo depois, Mendonça é morto enquanto Honório está na cidade conversando com Padre Silveira sobre a construção de uma capela na sua fazenda. São Bernardo vive um período de progresso. Diversificam-se as criações, invade terras vizinhas, constrói açude e a capela.
Ergue uma escola em vista de obter favores do Governador. Chama Padilha para ser professor. Estando a fazendo prosperando, Paulo Honório procura uma esposa a fim de garantir um herdeiro. Procura uma mulher da mesma forma que trata as outras pessoas: como objetos. Idealiza uma mulher morena, perto dos trinta anos, e a mais perto da sua vontade é Marcela, filha do juiz. Não obstante conhece uma moça loura, da qual já haviam falado dela. Decide por escolher essa. A moça é Madalena, professora da escola normal. Paulo Honório mostra as vantagens do negócio, o casamento, e ela aceita. Não muito tempo depois de casado, começam os desentendimentos. Paulo Honório, no início, acredita que ela com o tempo se acostumaria a sua vida. Madalena, mulher humanitária e de opinião própria, não concorda com o modo como o marido trata os empregados, explorando-os.
Ela torna-se a única pessoa que Paulo Honório não consegue transformar em objeto. Dotada de leve ideal socialista, Madalena representa um entrave na dominação de Honório. O fazendeiro, sentindo que a mulher foge de suas mãos, passa a ter ciúmes mórbidos dela, encerrando-a num círculo de repressões, ofensas e humilhações. O casal tem um filho mas a situação não se altera. Paulo Honório não sente nada pela sua criança, e irrita-se com seus choros. A vida angustiada e o ciúme exagerado de Paulo Honório acabam desesperando Madalena, levando-a ao suicídio. É acometido por imenso vazio depois da morte da esposa.
Sua imagem o persegue. As lembranças persistem em seus pensamentos. Então, pouco a pouco, os empregados abandonam São Bernardo. Os amigos já não freqüentam mais a casa. Uma queda nos negócios leva a fazenda a ruína. Sozinho, Paulo Honório vê tudo destruído e, na solidão, procura escrever a história da sua vida. Considera-se aleijado, por ter destruído a vida de todos ao seu redor. Reflete a influência do meio quando afirma: "A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste."

quarta-feira, 6 de março de 2013

VIDAS SECAS - CLÁSSICO

VIDAS SECAS
de Graciliano Ramos

sinopse


"Vidas Secas", romance publicado em 1938, retrata a vida miserável de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos para áreas menos castigadas pela seca. A obra pertence à segunda fase modernista, conhecida como regionalista, e é qualificada como uma das mais bem-sucedidas criações da época.

O estilo seco de Graciliano Ramos, que se expressa principalmente por meio do uso econômico dos adjetivos, parece transmitir a aridez do ambiente e seus efeitos sobre as pessoas que ali estão.
Lista de Personagens
Baleia: cadela que é tratada como membro da família. Pensa, sonha e age como se fosse gente.
Sinhá Vitória: mulher de Fabiano. Mãe de 2 filhos, é batalhadora e inconformada com a miséria em que vivem. É esperta e sabe fazer conta, sempre prevenindo o marido sobre trapaceiros.
Fabiano: vaqueiro rude e sem instrução, não tem a capacidade de se comunicar bem e lamenta viver como um bicho, sem ter frequentado a escola. Ora reconhece-se como um homem e sente orgulho de viver perante às adversidades do nordeste, ora se reconhece como um animal. Sempre a procura de emprego, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos: o mais novo admira a figura do pai vaqueiro, integrado à terra em que vivem. Já o mais velho não tem interesse nessa vida sofrida do sertão e quer descobrir o sentido das palavras, recorrendo mais à mãe. 
Patrão: fazendeiro desonesto que explorava seus empregados, contrata Fabiano para trabalhar.

Sobre Graciliano Ramos
Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892. Terminando o segundo-grau em Maceió, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como jornalista durante alguns anos. Em 1915 volta para o Alagoas e casa-se com Maria Augusta de Barros, que falece em 1920 e o deixa com quatro filhos.

Trabalhando como prefeito de uma pequena cidade interiorana, foi convencido por Augusto Schmidt a publicar seu primeiro livro, "Caetés" (1933), com o qual ganhou o prêmio Brasil de Literatura. Entre 1930 e 1936 morou em Maceió e seguiu publicando diversos livros enquanto trabalhava como editor, professor e diretor da Instrução Pública do Estado. Foi preso político do governo Getúlio Vagas enquanto se preparava para lançar "Angústia", que conseguiu publicar com a ajuda de seu amigo José Lins do Rego em 1936. Em 1945 filia-se ao Partido Comunista do Brasil e realiza durante os anos seguintes uma viagem à URSS e países europeus junto de sua segunda esposa, o que lhe rende seu livro "Viagem" (1954).

Artista do segundo movimento modernista, Graciliano Ramos denunciou fortemente as mazelas do povo brasileiro, principalmente a situação de miséria do sertão nordestino. Adoece gravemente em 1952 e vem a falecer de câncer do pulmão em 20 de março de 1953 aos 60 anos.

Suas principais obras são: "Caetés" (1933), "São Bernardo" (1934), "Angústia" (1936), "Vidas Secas" (1938), "Infância" (1945), "Insônia" (1947), "Memórias do Cárcere" (1953) e "Viagem" (1954).