quinta-feira, 29 de março de 2012

"PEGA E LÊ"

"Pega e lê"

Credita-se a Santo Agostinho, um dos sábios da Igreja Católica, a descoberta de que se podia ler sem anunciar as palavras. Até então, os textos eram murmurados, assim como fazem as crianças recém -alfabetizadas. Autor do que pode ser considerado uma das primeiras autobiografias, Confissões, ele passava por uma das inúmeras crises existenciais que o acometeram durante a juventude quando ouviu uma voz interior que lhe dizia: "Pega e lê". E ele leu, então, as Cartas de São Paulo que constam do Novo Testamento. Mais de 1.600 anos depois que Santo Agostinho "pegou e leu", milhões de pessoas, apesar de periódicos atestados de óbito conferidos à literatura e a tudo a ela relacionado, continuam tendo na leitura uma fonte de prazer intelectual e estético, além de um caminho mais seguro para o progresso pessoal e o aperfeiçoamento profissional. Em pleno fulgor da era digital, ler continua essencial e divertido.
Contra todas as projeções pessimistas sobre o fim da figura do leitor entre os brasileiros, surgiu no país uma legião de jovens ávidos por leitura. Não em razão dos esforços da rede de ensino ou do encorajamento eventual dos pais, mas graças à única coisa que verdadeiramente faz um indivíduo adquirir o hábito da leitura e não deixá-lo mais: o prazer. O fenômeno recente de séries com Harry Potter e Crepúsculo, costumeiramente desdenhadas pela crítica, foi o responsável por esse avanço. Em geral, avessa a enfrentar os livros impostos pelo currículo escolar, a garotada espera com ansiedade pelo lançamento de ma\is um volume de suas sagas preferidas. Ler, inesperadamente para os algozes da literatura e tudo a ela relacionado, tornou-se divertido.
"Veja, 18 de maio de 2011"