terça-feira, 20 de novembro de 2012

O CORPO SECO - CONTO

O Corpo Seco

Profª Mary
                   
                    Meu avô se chamava João Almeida, mas como era filho de dona Marcolina, acabou por se chamar João Marcolino de Almeida. Baixo, cabelo bem liso, moreno, uma barba bem rala e os dentes meio tortos denunciavam sua origem indígena. Uma pessoa comum a não ser pelo fato de contar "causos" como ninguém. Nessa hora, ele se transformava: imitava as vozes dos personagens, os gestos e os trejeitos, tornando-nos reféns de peripécias e aventuras que se enchiam de graça e de magia, graças ao seu talento nato de contador de histórias. Às vezes, para nosso desespero, começava a rir antes de terminar o causo e a gente ali, esperando que o riso gostoso, contagiante se acabasse. Na maioria das vezes, acabávamos rindo de sua risada. Minha infância, graças a ele, foi povoada de histórias: de lobisomem; de assombrações; de almas penadas; de "causos" como ele falava...
                    Nunca sabíamos se eram verdadeiras ou não. Pouco importava. O bom mesmo era estar ali ao pé dele, sentir medo e se encantar com o que tinha de sobra: imaginação e alegria.
                    Meu avô era de 1902, nasceu em Tatuí, casou-se aos 23 anos com "sua patroa", como se referia a minha avó Eliza de apenas 13 anos e vieram morar em Maracaí. Ali e nas redondezas tiveram seus doze filhos.
                     Nessa época, ganhava a vida fazendo transporte de carga (cereais, tecidos, açúcar, carne seca, etc.) em lombo de mulas que conduzia pelo sertão afora, enfrentando estradas ruins, chuvaradas ou sol a pino. Contava que, às vezes, ficava semanas ou meses longe de casa e era minha avó, mulher de fibra, que o ajudava costurando e lavando roupas para algumas famílias da cidade.
                      Sofreu muito pelos filhos que foram morrendo pelos caminhos da vida. Era muito triste ouvi-lo contar de quando seu filho Irineu, moço de apenas 20 anos, havia ficado doente, com um "febrão" que não passava nunca. Na manhã após uma noite de febre, pegou seu cavalo e andou 50 quilômetros para buscar remédio para o filho, quase matou o cavalo de tanto correr e no final da tarde ao chegar em casa, encontrou o filho morto. Quase enlouqueceu de tanto sofrimento, batia a cabeça na parede e pedia a Deus que o levasse também... Só muito tempo depois, ficara sabendo que quem matou seu filho foi uma epidemia de febre tifoide, que matara também milhares de pessoas, naquele ano.
                      Meu avô era, também, uma pessoa muito enérgica e ainda soa e, meus ouvidos o se "Fuja!", "Fuja!" com que nos afugentava de seu caminho quando atrapalhávamos na sua labuta diária: tratar dos porcos, consertar as cercas, prender os bezerros, etc.
                       Mas o melhor mesmo era quando à noitinha, nos reuníamos na área do poço de sua casa, cercado de muretas, onde sentávamos todos, pais, tios, irmãos e primos para ouvirmos suas histórias. Era uma festa: feita de causos e risadas até altas horas.
                       Ah, esqueci de dizer que ele foi um dos desbravadores da região de Pedrinhas. Quando chegou por lá, não havia estradas, eram picadas no meio da mata. Construiu uma casa de pau-a-pique e sapé bem ao lado de uma dessas matas. À noite podia ouvir o barulho das onças e pela manhã, podia ver as pegadas delas e de outros bichos, que o faziam não lagar nunca de sua cartucheira.
                     Contava que naquela época, havia muito valentão que resolvia tudo "na bala" e emendava "escreveu não leu, o pau comeu".
                       Essas e outras lembranças embalavam o sono dos pequenos e aceleravam o coração e o medo dos maiorzinhos como nós. Nada nos fazia perder a magia e o encantamento de suas histórias e até os adultos se deixavam ficar ali apesar do cansaço da lida na roça, de terem de se levantar ainda no escuro para tirar leite. Enfim, um tempo de "vacas magras", mas feliz.
                       Podemos creditar esses momentos à falta de luz elétrica - ela chegou bem mais tarde - e a escuridão favorecia o clima de mistério e de medo: aquele friozinho na "espinha", os pelos e os cabelos arrepiando... uma sensação indescritível.
                       E por falar em cabelos se arrepiando, uma de suas histórias era a nossa preferida: contava ele que dois vizinhos de terras viviam brigando por causa das divisas das terras. Um mudava a cerca de lugar, o outro vinha e a colocava no lugar de antes. Até que um dia, encontraram-se na divisa, discutiram e um deles sacou o revólver e matou o outro com vários tiros. O morto foi trazido pela família e enterrado aqui no cemitério de Assis. Diz à lenda que virou "corpo seco", só pele e osso, mas suas unhas e cabelos continuam crescendo. Aparece de vez em quando para seus familiares, implorando que o desenterrem e enterrem na divisa de suas terras, o lugar onde fora morto. Acontece que todos da família morrem de medo e então oferecem muito dinheiro a quem fizer o "serviço". No entanto, há um, porém: tudo deve ser feito à meia noite porque o corpo nãodeve entrar em contato com a luz do dia e ainda as unhas e cabelos devem ser cortados. E aí, os corajosos desaparecem...
                       Ao final da história, o corpo todo arrepiado, o medo tomando conta da gente, riamos um riso nervoso e ao deitarmos, no escuro, o medo voltava forte, aquelas unhas enormes, os cabelos compridos e desgrenhados...
                       Meu avô também era uma pessoa muito mística, acreditava tanto em assombrações e almas penadas quanto no diabo, morria de medo do "coisa ruim", não tinha coragem de dizer o nome e só se referia a ele como "dianho". Daí suas histórias serem sempre sobre mortos que voltavam pessoas que vendiam a alma ao diabo para ficarem ricas ou porteiras que se abriam pelas almas penadas.
                      Ainda hoje, quando me vejo menina, as imagens que me vêm à lembrança são esses momentos de enlevo e de puro encantamento, proporcionados por essa pessoa tão querida que nos ajudou a exercitar a nossa imaginação. Foi o responsável por alimentar nossa fantasia na infância e nem sabia disto...


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

ANARQUISTAS, GRAÇAS A DEUS


Em seu livro Anarquistas, Graças a Deus, publicado em 1979, a escritora Zélia Gattai conta a história de um grupo particularmente interessante de imigrantes que vieram ao Brasil, os anarquistas, que influenciaram muito a luta antifascista, antirracista e antiimperialista no país, principalmente em São Paulo, durante a Revolução Tenentista de 1924.Um relato emocionante da vida dos imigrantes italianos na São Paulo do começo do século XX. Mas não é só isso. Nesse romance Zélia narrou a saga da família Gattai e os desdobramentos de sua vinda para o Brasil com o ideário de "fazer a América", sonho partilhado por milhares de seus conterrâneos.Filha de imigrantes italianos que chegaram a São Paulo no começo do século passado, Zélia conta histórias da sua família, composta por anarquistas que pregavam a fundação de uma sociedade sem leis, sem religião ou propriedade privada, em que mulheres e homens tivessem os mesmos direitos e deveres. Como pano de fundo, a descrição do cotidiano de uma cidade em desenvolvimento. Anarquistas, graças a Deus nos coloca em contato com a saga de muitos imigrantes, com a chegada destes ao Brasil no início do século XX.

A fuga da Itália, o caminho percorrido, as dificuldades em chegar a um país estranho, e ser um estrangeiro em outro país saído recentemente da escravidão. É uma história familiar, um álbum de memórias, de lembranças, de recordações de uma família italiana como qualquer outra, mas que, também como toda família, tem uma história especial, cercada de alegrias e preocupações, com questões ideológicas e valores particulares. Retrata também o movimento ideológico dentre os imigrantes - um grupo forte, unido, familiar - e a ajuda mútua que prevalece entre eles, a amizade, o companheirismo, a luta em favor de viver bem, e que isso seja mérito de todos, sem exceção. Uma história que simples e comovente, e que nos fazpensar em tantas situações que fizeram muitas famílias saírem de sua terra e tentarem sobreviver em outro país. Mas que conseguiram, além da sobreviver, viver com dignidade.
Livro Anarquistas, graças a Deus, de Zélia Gattai, Companhia das Letras







Descrição da obra:
Publicado em 1979 e transformado em minissérie da rede Globo em 1984, Anarquistas, graças a Deus é o livro de estréia de Zélia Gattai e seu primeiro grande sucesso.
Filha de anarquistas chegados de Florença, por parte do pai Ernesto, e de católicos originários do Vêneto, da parte da mãe Angelina, a escritora trazia no sangue o calor de seus livros. Trinta e quatro anos depois de se casar com Jorge Amado, a sempre apaixonada Zélia abandona a posição de coadjuvante no mundo literário e experimenta a própria voz para contar a saga de sua família.
É assim que ficamos conhecendo a intrépida aventura dos imigrantes italianos em busca da terra de sonhos, e o percurso interior da pequena Zélia na capital paulista - uma menina para quem a vida, mesmo nos momentos mais adversos ou indecifráveis, nunca perdeu o encanto. A determinação de seu Ernesto e a paixão pelos automóveis, a convivência diária com os irmãos e dona Angelina, os sábios conselhos da babá Maria Negra, as idas ao cinema, ao circo e à escola, as viagens em grupo, o avanço da cidade e da política - nestas crônicas familiares, vida e imaginação se embaralham, tendo como pano de fundo um Brasil que se moderniza sem, contudo, perder a magia.
Exímia contadora de histórias, Zélia as transforma em instrumento privilegiado para o resgate da memória afetiva. Foi Jorge Amado quem, um dia, lendo um conto de qualidade duvidosa que Zélia rascunhava, pescou essa veia de documental. Apontou-lhe o caminho e mostrou que ela se alimentava de sua rica ascendência familiar. Surge assim a Zélia memorialista, para quem a literatura provém não tanto da invenção, mas do trato apurado da memória e do desfiar cuidadoso, mas sem melindres, da intimidade.
Em suas mãos, a literatura se torna, mais que confissão, auscultação do mundo. É tendência para o registro e o testemunho, que cimentam não só um estilo quase clínico de observar a existência, mas uma maneira de existir. Pois é da persistência do espanto que Zélia, em resumo, trata. Se Jorge Amado foi uma espécie de biógrafo involuntário do Brasil, Zélia Gattai se afirma como a grande narradora de nossa história sentimental.
Posfácio Lilia Moritz Schwarcz

O GUARANI


O GUARANI
de José de Alencar
José de Alencar, um dos grandes patriarcas da literatura brasileira, pelo volume e mensagem de sua obra, deu à ficção produzida no século XIX, um tratamento monumental. Escritor romântico, enfocou os mais importantes aspectos da nossa realidade: o índio e o branco; a cidade e o campo; o sertão e o litoral. A presente obra, que lhe granjeou popularidade ao ser lançado em folhetim, era lido avidamente, até nas ruas, à luz dos lampiões. O romance conta a história de amor entre o índio Peri e a moça branca Ceci, tendo como cenário o Brasil do século XVII.
O Guarani foi o primeiro romance indianista escrito por José de Alencar. Na tentativa de criar um herói de identidade nacional. Alencar conta a história do índio Peri, o “bom selvagem”, e sua comovente devoção pela portuguesa Cecília. A história se passa no período de pré-descobrimento, e a intenção de Alencar foi, basicamente, mostrar a influência do colonizador português sobre os índios, corrompendo sua cultura e religião.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

PROFESSORA DO LENY BARROS RECEBE "DIPLOMA DE PROFESSOR PADRÃO 2012"





        Na noite desta segunda-feira, dia 22 de outubro de 2012, em um Ato Solene na Câmara Municipal de Assis, tivemos o privilégio de assistirmos à entrega do "Diploma de Professor Padrão do Ano - 2012" à Professora Elizabeth Escame Dorta (a nossa querida Beth). Somos testemunhas da relevância do seu trabalho docente, imprescindível à equipe Leny Barros, que busca aprimorar-se, construir conhecimentos significativos com seus alunos e manter uma convivência saudável.
    Sentimo-nos honrados por compartilharmos da sua companhia diária, da sua solidariedade, do seu companheirismo, da sua atenção e, sobretudo, do seu comprometimento com a qualidade da educação pública.

Parabéns, Beth!!
Amigos do Leny 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

HISTÓRIA DO NAVEGADOR JOÃO DE CALAIS E DE SUA AMADA CONSTANÇA - CORDEL


HISTÓRIA DO NAVEGADOR JOÃO DE CALAIS E DE SUA AMADA CONSTANÇA
Texto de Arievaldo Viana               Imagens de Jô Oliveira 



      A história do navegador João de Calais é um dos contos tradicionais europeus mais populares no Brasil. O texto original tem mais de 500 anos de existência e é atribuído a Angélica Poisón, A Madame de Gómez (escritora francesa, casada com um espanhol).
      Essa história, transformada em folheto, tornou-se tão popular que era declamada nas feiras e nos alpendres sertanejos pelos cegos rabequeiros, folheteiros e cantadores em geral. Logo nas primeiras sextilhas do texto, o leitor perceberá a reverência aos mestres do romanceiro popular nordestino.
     A narrativa é coesa, simples e de fácil compreensão para leitores de qualquer idade...dos 8 aos 80 anos.

HEIDI - O leitor se transforma num explorador...


 "Heidi não conseguia resistir e parou diversas vezes, virando-se para olhar as altas montanhas atrás de si. De repente, um clarão vermelho surgiu na selva a seus pés, e ela se voltou uma vez mais. A vegetação das pastagens alpinas estava dourada; os rochedos cintilavam, e o vale tinha sido inundado por uma luz cor de âmbar."

Heidi
de Johanna Spyri

O leitor se transforma num explorador, a ficção passa a ser uma descoberta emocionante.

Nas Obras-Primas Universais, você vai descobrir, ou reencontrar, os maiores autores e as mais belas histórias da literatura mundial ilustrada por grandes artistas e comentadas por especialistas.
Um novo conceito: o texto original é complementado por documentos, gravuras e fotos da época, que devolvem a Heidi seu valor de reportagem.
A história, traduzida por Maria Alice Araripe de Sampaio Dória, é toda ilustrada em cores por pelo grande artista Rozier-Gaudriault.
As legendas da parte narrativa passada na Suíça foram elaboradas por Ariane Chottin, que escreveu livros infantis sobre a natureza e a vida animal.
Antoine Guémy, germanista e apaixonado pela cultura alemães, comentou as imagens que ilustram a segunda metade da história. Aqui estão todos os ingredientes para você viver uma magnífica aventura.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

TIETA DO AGRESTE

TIETA DO AGRESTE
 de Jorge Amado
Pastora de cabras ou a volta da filha pródiga, melodramático folhetim em cinco sensacionais episódios e comovente epílogo: emoção e suspense!


Na década de 1970, Sant´Ana do Agreste, pequena vila do interior da Bahia, viveu dias de grande expectativa enquanto se prepara para receber Tieta, filha que retornou depois de 26 anos de ausência. 
Aos 17 anos, Tieta vivera aventuras amorosas que escandalizaram a população. Denunciada pela irmã mais velha, Perpétua, Tieta foi expulsa de casa. Desde a sua partida, o único contato de Tieta com a família era através de cartas que tinham como remetente uma caixa postal em São Paulo. 
Além da correspondência, controlada por Carmô, funcionária dos Correios e a solteirona mais alegre da cidade, Tieta também enviava ajuda financeira para a família. 
O retorno de Tieta abalou a rotina da pacata cidade. 
Tieta retorna rica e poderosa, viúva de um industrial paulista. Ela chega acompanhada de Leonora, moça bela e triste, que apresenta como sua enteada. 
Tieta é recebida com toda a pompa pela família, habitantes e políticos da cidade perdida no mapa e no tempo. Ascânio, o jovem e progressista secretário da Prefeitura, tem como maior ambição fazer a luz elétrica chegar à cidade ainda iluminada por luz de gerador. 
A presença de Tieta e Leonora transforma a vida do pacato vilarejo e de seus tipos folclóricos: o prefeito enlouquecido Mauritônio Dantas, o poeta de plantão Barbosinha, o comandante Dário de preocupações ecológicas, o trio de amigos que controla a cidadela mesa de sinusa, entre outros. 
Leonora e Ascânio se envolvem em um casto romance, enquanto Tieta tem uma tórrida relação com Cardo, o sobrinho seminarista filho da austera Perpétua, que depois também se envolve com Imaculada. 
Por sua generosidade Tieta se transforma na grande benfeitora de Sant Ana do Agreste. A tranquilidade do vilarejo sofre mais um baque com a chegada de representantes da Embratânio S.A., disposta a implantar uma fábrica de dióxido de titânio,altamente poluidora, na cidade. 
Entre tumultos pessoais e políticos, o segredo da vida de Tieta é revelado - ela obrigada a partir mais uma vez, em circunstâncias totalmente inesperadas. Mas Sant Ana do Agreste e seus habitantes nunca mais serão os mesmos, e nunca se esquecerão dela.

O CASO DO FILHO DO ENCADERNADOR - Romance da vida de um romancista

O CASO DO FILHO DO ENCADERNADOR
de Marcos Rey


Romance da vida de um romancista


             O que move um grande autor? O que o inspira? Onde ele aprendeu a escrever assim, envolvendo o leitor em palavras enredadas atribuídas a personagens singulares, que saem assim, sem cerimônia, de um pensamento fluente, talentoso, cúmplice da arte de escrever?
             O caso do filho do encadernador traz as experiências, vivências e curiosidades sobre a  vida e a formação de Marcos Rey, sobre seu contato com a leitura, as influências que recebeu, as memórias marcantes, que vão desde o ingênuo deitar sobre uma pilha de aparas provenientes dos processos de encadernação feitos pelo pai à emoção de ver o mundo em um atlas, ler os grandes autores, publicar seu primeiro conto e tornar-se, também ele, um grande autor.
              

terça-feira, 16 de outubro de 2012

EXTRATERRESTRES - ELES ESTÃO AQUI

EXTRATERRESTRES
ELES ESTÃO AQUI
De Luiz Galdino




        __Meu Deus! O que é aquilo? __indagou a doutora Ivana.
        __São corpos, doutora __respondeu com frieza o oficial. Todo o antigo contingente da base está espalhado por aí, nessas condições.
        __O que aconteceu aqui? __interrogou Marc, estupefato, após observar através do próprio binóculo.
        __Esta é a questão, professor. O que aconteceu aqui não tem explicação plausível.
        Num cenário de pós-guerra nuclear, corpos se espalhavam por toda parte, apresentando um intrigante ponto comum: olhos arregalados e boca escancarada. Como se gesto final de terror tivesse sido interrompido.
        Marc e Ivana pensavam que isso fosse tudo. No entanto, os mistérios eam se somando: um monumento de origem desconhecida, uma nave espacial escondida numa caverna, manchas recentes de sangue. Sangue não humano.
        Como poderiam reunir numa só explicação fatos aparentemente tão desconexos?  

O QUINZE

O QUINZE
de Rachel de Queiroz


"A faca brilhava no chão, ainda ensanguentada, e atraiu os olhos de Chico Bento.
Veio-lhe um ímpeto de brandi-la e ir disputar a presa; mas foi ímpeto confuso e rápido. Ao gesto de estender a mão, faltou-lhe o ânimo.
O homem, sem se importar com o sangue, pusera no ombro o animal sumariamente envolvido no couro e marchava para casa cujo telhado vermelhava lá além."

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

GRANDE SERTÃO: VEREDAS

GRANDE SERTÃO: VEREDAS
de João Guimarães Rosa



Grande Sertão: Veredas é um romance genial e, acima de tudo, uma história surpreendente de aventura, amor, mistério, traição, conflito, amizade, dor, paixão e superação. Escrito por João Guimarães Rosa, um dos maiores autores brasileiros de todos os tempos, Grande Sertão: Veredas já foi estudado dentro e fora do Brasil, mas antes de conhecer toda a habilidade estilística desse autor de rara formação linguística e filosófica, é preciso mergulhar nessa história e se deixar encantar por ela, saboreá-la até a última página.
Então pegue este livro e conheça Riobaldo Tatarana, Reinaldo Diadorim, Medeiro Vaz, Zé Bebelo e Hermágenes. Experimente ler alguns trechos em voz alta para descobrir os sons e ritmos de palavras  que aparecem compor um outro idioma.
Não perca essa oportunidade. Viaje com ele.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

ESTRADA DA VIDA - Texto reflexivo


ESTRADA DA VIDA

        A juventude não foi feita para a inércia, mas para crescer intelectualmente através do esforço.
        Muitos jovens estão em luta, muitos se esfalfam numa lida de horas e de agonias __e quando, à hora precisa, deles se aguardava algo notável, são os que assinam o documento da própria rendição. Derrotados!
         Deixam escrito:__”Aqui jaz o que apenas pensou”. Foi o “Crusoé” de um naufrágio amargo no círculo cerrado da ilha...
         Para a conquista da vida, não há caminho brando nem é suficiente esforço medíocre.
        Conta-se que o rei Ptolomeu uma vez expressou impaciência  ante a maneira intrincada com que Euclides explicava os seus teoremas. Perguntou o rei:
         __”Não existe um caminho mais curto para aprender a geometria, que o do teu método?”
         __”Senhor __respondeu Eclides __ no campo há duas espécies de estradas __ a escabrosa, usada  pela gente comum, e a estrada suave destinada à família real. Mas, na geometria todos têm de seguir o mesmo caminho. Não há estrada real para o saber”.
        A fim de fazer face às intempéries da vida (mais do que do saber) só resta a caminhada de sacrifícios, salpicada de suores.
        Com pouca energia fazemos POUCO. Diminuto conhecimento na máquina da vida equivale à reduzida corrida pelos trilhos do conhecimento. O fruto pela conquista é a medida que foi exata quanto se o desejou.
        Costuma a juventude ser pródiga em entusiasmo, Muito bonito. No entanto, o entusiasmo moço só pode alçar à categoria de valor da vida e para a vida, quando cimentado pelo esforço.
        Na alma do jovem é fácil a subida do mercúrio, porém é outrossim fácil a descida. Ou ascendemos-nos às alturas ou descemo-nos às baixuras.
        Tudo é ladeira abaixo para o preguiçoso que recusou agir; tudo é morro íngreme para o coração ativo que não se espantou diante do difícil.
        Newton, investigando o céu, através do telescópio dizia: __”Se vi mais longe que os outros, foi por haver subido aos ombros de gigantes”.
        Queremos fazer do jovem um gigante pelo esforço e um sábio pela conquista. Muito mais que a ciência ou a política, a VIDA (no seu complexo) é que deve pôr à prova a potencialidade dos espíritos jovens.
         Ir à vida com entusiasmo e através do esforço.
         Eis o plano da personalidade em busca da perfeição, da criatura dirigindo-se ao Criador, do bem relativo sequioso da Bondade Total.
         Na estrada da vida, jovem moderno, para pegar a estrada da sabedoria.

Texto adaptado do livro Pensamentos da Vida
Adaptação: Profº Francisco Carlos Miguel

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

GRANDE FELIPE,

FELIPE FERREIRA DE SANTANA - Aluno do 3º ano do Ensino Médio

               Sentimos-nos privilegiados e felizes pelo seu desempenho no Programa Jovens Embaixadores. Somos testemunhas da sua dedicação, do seu comprometimento e compartilhamos do seu sonho.
               Sem dúvida alguma, é uma grande honra tê-lo como representante da Diretoria de Ensino - Região de Assis, no referido programa, em 2013.
               Receba os nossos parabéns, toda a nossa admiração e os nossos votos de muito sucesso, de grande realizações.



       Alunos, Professores, Funcionários, Coordenação  Pedagógica e Direção da E.E. Leny Barros da Silva

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PRODUÇÃO DE TEXTO DISSERTATIVO - 2º A - E.M. - POR QUE LER MACHADO DE ASSIS?-Parte 2

O MARCO LITERÁRIO
                                                                                                 Marcelo Rodrigues Santana



              Machado de Assis foi um grande escritor crítico literário brasileiro. Era um homem muito culto, falava vários idiomas, lia muitos livros, mesmo sendo ateu tinha um enorme conhecimento da Bíblia.
              As publicações machadianas são marcos da literatura que atinge um reconhecimento maior, por este fato é de fundamental importância para os estudantes.
              A literatura machadiana tem seu clímax com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, sua obra mais importante, onde um autor defunto, como se auto descreve,  narra sua história. Mostrando que tem uma linguagem própria, fazendo inúmeras críticas, onde é irônico, sarcástico e pessimista. O que o faz confessar que escreve "com a pena da galhofa e a tinta da melancolia.
              Machado de aproxima do leitor de uma forma peculiar, fazendo com que o mesmo desperte seu senso crítico.
              É impossível passar pela escola sem ler Machado de Assis, que logo nos remete a Memórias Póstumas de Brás Cubas, uma obra fascinante e envolvente.


A VERSÃO MODERNA DA LITERATURA
                                                                                                                                      Karina M. Câmara




               Machado de Assis ao escrever Memórias Póstumas de Brás Cubas, fugiu fugiu do romantismo que todos os leitores já estavam acostumados, aproximando a literatura de uma visão moderna.
                A literatura brasileira ganhou reconhecimento após a abra de Machado de Assis, um autor que modificou a literatura dando sua própria forma, fazendo com que o leitor pense e critique o que acontece em sua história, mostrando contra dizendo tudo o que as literatura romântica dizia. A critica e o pessimismo são constantes em sua obra mas nunca é totalmente explícito e muitas vezes sarcástica.
                Com ele a literatura brasileira passa a ser reconhecida e admirada, atingindo assim um patamar elevado e de maior reconhecimento. O modo como o autor escrevia o diferenciava dos demais escritores. O modo como ele expunha o real sentimento do ser humano, a busca de suas realizações pessoais, a frustração por não conquistar seus objetivos, o adultério, o nascimento, por só pensarem nelas mesmas.
                É de fundamental importância o estudo sobre Machado de Assis pois despertar o senso crítico, principalmente nos jovens descrevendo a realidade dos fatos que estão camuflados perante a sociedade. As obras do mesmo nos torna mais atentos e observadores ao que normalmente passa despercebido e nosso olhar que cada dia mais se torna monótono.


CRÍTICA À REALIDADE
Larissa Sales Silva


                 O primeiro escritor que entendeu a necessidade de escrever para despertar o nosso lado crítico foi Machado de Assis, um realista, moderno que em 1881 publicou o livro MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS.
                 Neste livro relatava a história de Brás Cubas onde o narrador dizia-se morto e contava sua vida sem interesse de uma forma cínica e pessimista.
                 Machado criticava o relacionamento das pessoas e o quanto elas vivem uma vida medíocre e falsa, como uma pessoa boa com um bom caráter mas não passava de uma pessoa frustrada que não realizou nada de bom em sua vida.
                 Se destacou por mexer com o ego da sociedade brasileira criticando-a sem falar explicitamente, com histórias cotidianas desmascarava suas vidas egoístas e fingidas.
                 Suas obras são importantes até hoje pois apesar de viver em outra época é um escritor muito atual que consegue mexer com o nosso senso crítico e fazer com que repensemos a nossa vida em sociedade.
                 Sem dúvida Machado revolucionou a história da literatura escrevendo suas obras sem discriminações suas críticas valiam para preto, amarelo, branco, rico ou pobre o que realmente importava era mexer com o lado crítico do ser humano.

PRODUÇÃO DE TEXTO DISSERTATIVO - 2º A - E.M. - POR QUE LER MACHADO DE ASSIS?-Parte 1

O SENSO CRÍTICO CONTAGIANTE DE MACHADO DE ASSIS
Karolina Tasquin Martins


              Machado de Assis fora um autor que compreendera exatamente as necessidades de mudanças na literatura brasileira, as exigências por uma linguagem mais crítica e moderna. Machado, por sua vez, não entendia de heróis criados e idealizados pelo romantismo, mas sim, da realidade em nosso cotidiano em que estão envolvidos dinheiro, política, adultério, narcisismo, etc.
            Entre 1880 e 1881 Machado publicou Memórias Póstumas de Brás Cubas, um romance insólito, onde descrevia uma vida sem significado em que o ser humano busca suas realizações mas no final acaba por não conquistar nada.
            O autor com sua ironia revela uma realidade antes encoberta pelas idealizações do Romantismo. A verdade por trás das relações sociais, onde o ser humano vive de aparência escondendo-se em sorrisos falsos e conversas educadas, as competições políticas, busca pela satisfação pessoal, cobiças, etc. eram alvos da atenção de Machado, que criava uma crítica de maneira implícita.
             Machado de Assis através de suas obras encanta a sociedade brasileira e internacional, até os dias de hoje. A era contemporânea necessita da esma linguagem crítica que antigamente era exigida. A população, principalmente os jovens, estão sendo dominados a cada dia pelo senso comum onde o próprio governo tende a  acabar com o senso crítico social. Machado nos incita à reflexão, à um olhar mais apurado e atento para com nosso próprio eu e para com as pessoas a nossa volta. O autor faz com que elevemos nossa integração com a cultura, pois suas obras são verdadeiros tesouros brasileiros, cativam e prendem o leitor a cada página de seus livros.

A MÁSCARA DA REALIDADE
Isabela Fernanda Roberto da Silva



               Machado de Assis é um escritor realista, escreveu muitas obras e a que mais marcou esse período foi "Memórias Póstumas de Brás Cubas", onde a crítica e a ironia predominam.
               Não se pode negar que Machado de Assis e suas obras são fundamentais na formação do estudante brasileiro, pois vem através de Brás Cubas, uma personagem do livro Memória Póstumas criticar o romantismo debochado do texto culto da época e para isso passou-se por um defunto-autor a fim de ficar livre para narrar a realidade gozando da cara das pessoas sem qualquer problema, afinal, depois que já se está orto nada poderá acontecer, podendo dizer o que bem entender.
               Brás Cubas, quando criança é um menino diabo, que durante a vida só fracassa, conhece uma mulher da vida, Marcela que na obra é colocada como interesseira, algo que pode ser verdade ou não, uma vez que Machado de Assis se coloca entre o leitor e os próprios personagens já que a obra é escrita em 1ª pessoa ele pode falsear as informações, podendo censurar o que vai transmitir.
               Através de muitas ironias, Machado de Assis coloca o personagem Brás Cubas como um coitado como sendo uma pessoa boa e cheia de boas intenções, quando justamente é ao contrário, Brás Cubas também é interesseiro e isso é mostrado quando seu pai  incentiva a se aproximar de Virgília e se casar com ela pelo fato da moça  ser muito rica e vir de uma família muito bem colocada na alta sociedade, a aproximação até deu certo,porém não se casaram e o pai da moça concedeu a mão da filha a Lobo Neves um senhor que a fez Marquesa. Embora, depois, Brás Cubas e Virgília tenham se apaixonado, no início não passou de interesse de ambas partes.
              Mesmo depois de casada Virgília se encontrava às escondidas com Brás Cubas. O adultério, algo que só vem a existir no Realismo, eles mantém a vida de amantes, mas no fim Brás Cubas já velho e sem família, adquiri uma pneumonia e vem a óbito na frente de sua amante.
              Enfim, acredito que Macha de Assis veio por meio desta obra nos mostrar que na vida não somos nada, mostrando o lado feio das pessoas, os defeitos, contrariando o Romantismo, causando com sua obra uma indignação muito grande, principalmente na elite que estava muito acostumada a passar o dia se iludindo com os livros românticos. Na verdade, a intenção de Machado de Assis, era justamente essa, fazer uma crítica, mostrando a realidade como ela é.


terça-feira, 25 de setembro de 2012

O JAGUAR E A CADEIRA DE RODAS - Para refletir

O JAGUAR E A CADEIRA DE RODAS

          Um jovem ebem sucedido executivo dirigia por sua vizinhança, correndo um pouco demais em seu novo Jaguar. Observando crianças se lançando entre os carros estacionados, diminuindo um pouco a velocidade, quando achou ter visto algo. Enquanto passava, nenhuma criança apareceu. De repente uma pedra espatifou-se na porta lateral do Jaguar! Freou bruscamente e du ré até p lugarde onde teria vindo a pedra. Saltou do carro e pegou bruscamente uma criança, empurrando-a contrab um veículo estacionado e gritou:
          __Por que isso? Quem é você? Que besteira você pensa que está fazendo? Este é um carro novo e caro, aquela pedra que você jogou vai me custar muito dinheiro. Por que Você fez isso?
          __Por favor, senhor, me desculpe, eu não sabia mais o que fazer! Ninguém estava disposto a parar e me atender neste momento. Lágrimas corriam do rosto do garoto, emquanto apontava na direção dos carros estacionados.
          __Meu irmão desceu sem freio e caiu de sua cadeira de rodas e não consigo levantá-lo sozinho.
          Soluçando, o menino perguntou ao executivo:
          __O senhor poderia me ajudar a recolocá-lo em sua cadeira de rodas?
          Ele está machucado e é muito pesado para mim.
          Movido internamente muito além das palavras, o jovem motorista, engolindo um "não mesmo" dirigiu-se ao jovenzinho, colocando-o em sua cedeira de rodas. Tirou seu lençi, limpou as feridas e arranhões, verificando se tudo estava bem.
           __Obrigado e que Deus possa abençoa-lo __a criança disse a ele.
           O homem então viu o menino se distanciar... empurrando o irmão em direção à casa. Foi um longo caminho de volta para o Jaguar... um longo e lento caminho de volta.
           Ele nunca concertou a porta amassada para lembrá-lo de não ir tão rápido pela vida, que alguém tivesse que atirar um tijolo para obter a sua atenção.
           A VIDA sussurra e fala aos nossos corações. Algumas vezes quando nós não temos tempo de ouvir, Ela permite que alguém jogue um tijolo em nós.
            E a escolha é nossa: ouvir o sussurro ou esperar pelo tijolo!

        História tirada do livro Sabedoria em parábolas do Profº Felipe Aquino

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

FOGO MORTO

FOGO MORTO
de José Lins do Rego

Fogo Morto (1943) é a obra-prima de José Lins do Rego. Como romance de feição realista, esse livro procura penetrar a superfície das coisas e revelar o processo de mudanças sociais por que passa o Nordeste brasileiro, num largo período que vai desde o Segundo Reinado, incluindo a Revolução Praieira e a Abolição, até as primeiras décadas do século XX.

O tema central de Fogo Morto é o desajuste das pessoas com a realidade resultante do declínio do escravismo nos engenhos nordestinos, nas primeiras décadas do século XX. O romance conta a história de um poderoso engenho, o Santa Fé, desde sua fundação até o declínio, quando se transforma em "fogo morto", expressão com que, no Nordeste, designam-se os engenhos inativos. Retomando o espírito de observação realista, o autor produz um minucioso levantamento da vida social e psicológica dos engenhos da Paraíba. Em virtude do apego ao cotidiano da região, Fogo Morto apresenta não apenas valor estético, mas também interesse documental.

Fogo Morto não se esgota na classificação de romance regionalista, embora essa seja uma noção correta. Há outros componentes importantes na obra, a partir dos quais se pode enquadrá-la numa tipologia consagrada. Talvez o mais ilustre antecedente de Fogo Morto na literatura brasileira seja O Cortiço (1890), de Aluísio Azevedo. Em que sentido? No sentido de tomar uma personagem coletiva como objeto de análise. Assim como Aluísio investiga o nascimento, vida e morte de um cortiço do Rio de Janeiro, José Lins penetra no surgimento, plenitude e declínio do Engenho Santa Fé, localizado na zona da mata da Paraíba. Com efeito, o engenho parece possuir vida própria, embora suas células sejam as pessoas que o formam. Como análise quer dizer decomposição, o autor decompõe as pessoas como forma de expor a constituição do todo. Por essa perspectiva, Fogo Morto tanto pode ser entendido como um romance social quanto psicológico. Em rigor, uma categoria não existe sem a outra. O livro é forte em ambas as dimensões.

Embora Fogo Morto apresente uma estória muito movimentada, não se trata de um romance de ação: pretende atrair pela problematização social e existencial, e não pela surpresa dos acontecimentos. O estilo da obra é modernista, pois baseia-se na linguagem cotidiana, revestindo-se de oralidade espontânea, isto é, o autor procura escrever como se fala. Resulta daí a impressão de vivacidade e dinamismo. Possui força dramática e senso do real. Poucas vezes um autor obteve tanto êxito na manipulação da frase curta e elementar, com palavras extraídas do uso diário. Seu ritmo sintático e narrativo é nervoso, quase frenético, imitando o vaivém das pessoas pelas estradas do engenho. Pertence ao Regionalismo Nordestino, porque aborda a paisagem específica dessa região, mas as questões abordadas transcendem os limites regionais, o que é comum nas obras bem realizadas.

Em Fogo Morto, o autor soube transformar em ficção a vida real dos engenhos nordestinos. Trata-se de uma sociedade decadente, marcada pelo ressentimento, pelo desajuste e pela revolta. Domina em tudo uma atmosfera de ruína social e depauperamento psicológico, embora persistam aqui e ali sinais de uma felicidade antiga, restrita aos habitantes da casa-grande. Sem pertencer propriamente ao famoso Ciclo da Cana-de-Açúcar, Fogo Morto é uma retomada mais densa da matéria dos romances que o compõem: Menino de Engenho (1932), Doidinho (1933), Bangüê (1934), e Usina (1936). Neste último romance, José Lins retrata a decadência dos engenhos por força do processo industrial das usinas, que suplantam a produção artesanal. Todavia, em Fogo Morto, ainda não há sinais de industrialização na produção de açúcar. Quanto a José Amaro, sim, sua decadência decorre em parte do processo de industrialização das selas, que já ocorre nos centros urbanos.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A COMÉDIA DOS ANJOS - História do Pelé em comédia

A COMÉDIA DOS ANJOS
de Adriana Falcão



Você gosta de futebol?
Dona Maria Madalena Teresa de Jesus Rita de Cássia Santana também.
Mas nem tanto de jogadores de futebol. Muito menos de um, chamado Paulo Henrique, que foi casado com sua filha. Tanto que ela foi capaz de morrer e descer de novo à Terra só para separar os dois. Sem saber que sua decisão poderia impedir que um certo menino de 17 anos, convocado como reserva , jogasse na Copa de 1958 e se tornasse o futuro rei do futebol.
Claro que é tudo brincadeira da escritora Adriana Falcão. Mas uma brincadeira que vai fazer você rir pra valer.
Um livro para jovens de todas as idades (gostem ou não de futebol).

A TUMBA DO RELÂMPAGO - Fatos reais

A TUMBA DO RELÂMPAGO
de Manuel Scorza



Donos de glebas comunitárias que lhes foram legalmente destinadas ainda na era colonial, os comuneiros do Peru lutaram durante séculos para recuperar as terras que pouco a pouco eram arrebatadas por latifundiários e grandes empresas internacionais.
Os historiadores oficiais silenciam sobre essas lutas sempre recomeçadas por índios andrajosos que descem dos Andes Centrais a fim de reaver o que é deles. Para combater essa conspiração feita de silêncio, e na qualidade de testemunha e ator desse drama, Scorza construiu em amplo mural de Cantatas e ao qual deu o nome geral de Cantatas a ao qual pertence este romance.
Aqui el descreve uma dessas rebeliões, seu esmagamento, o massacre de homens, mulheres e crianças pelas tropas governamentais. Aqui, como sempre, a esperança brota, mas é logo abatida. Para os comuneiros, a esperança é brev como um relâmpago.
O presente romance é um epitáfio na tumba desse relâmpago.
Os fatos relatados são reais.
Pela narrativa circulam não apenas personagens, mas também pessoas, com seus nomes verdadeiros. Esse é caso de Genaro Ledesma, que se tornou um líder popular e cujas lutas o levaram várias vezes à prisão.
A Tumba do Relâmpago testemunha o seu nascimento como revolucionário.
Imaginação e consciência política, lirismo e necessidade revolucionária são outros eixos sobre os quais gira este romance, diretamente vinculado à tradição de homens que pensaram o Peru mediante a ficção ou ensaio filosófico: González Prado, Mariátegui, Vallejo, Alegria e Arguedas.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS - Aventura

VINTE MIL LÉGUAS SUBMARINAS
de Júlio Verne
Por Ana Lucia Santana


O clássico Vinte Mil Léguas Submarinas, tradução do francês Vingt mille lieues sous les mers, é um dos livros mais conhecidos de Júlio Verne, lançado em 1870. Nele o autor exercita sua incrível imaginação, ao conceber, na metade do século XIX, um submarino tão avançado quanto o Náutilus, totalmente independente da jurisdição e dos recursos terrestres, impulsionado pela eletricidade.
Vinte Mil Léguas SubmarinasSeu comandante, o Capitão Nemo, se julga um incompreendido, daí ter escolhido se retrair em um mundo só seu, abaixo do mar, longe de tudo e de todos. Para esse fim ele concebe sua brilhante obra de engenharia, a qual só depende dos meios oferecidos pelo ambiente marítimo para sobreviver. É deste meio também que ele retira o alimento, e tudo que ele e seus homens necessitam para viver.

Os seres humanos não têm conhecimento da existência deste fantástico submarino, que conta em seu interior até mesmo com uma biblioteca e uma cozinha. Involuntariamente, porém, esta engenhosa máquina começa a destruir navios e outros barcos, e passa a ser confundido com um terrível monstro marinho. Desta forma tem iníco uma verdadeira caçada a ele.
Uma embarcação dos EUA, o Abraham Lincoln, com o naturalista francês Aronnax, seu serviçal Conseil e o habilidoso arpoador Ned Land a bordo, junto aos demais tripulantes, parte de Nova York em busca desta assustadora criatura. Ao se depararem com o suposto animal perverso, os protagonistas desta aventura caem nas águas, após a destruição da fragata, e são resgatados pelo Capitão Nemo.
Assim eles finalmente encontram o misterioso personagem, e ao seu lado vivenciam inúmeros feitos extraordinários, atingindo ilhas repletas de seres primitivos, combatendo tubarões, gigantescos polvos, e extraindo pérolas preciosas de conchas depositadas nos abismos marítimos.
Todas essas histórias saem da mente de um dos maiores escritores de ficção científica de todos os tempos. Ao longo de vários meses o submarino atravessa milhares de quilômetros abaixo da superfície, mantendo os viajantes do Abraham Lincoln aprisionados, mas livres para circularem pela embarcação.
Neste período o Náutilus perfaz a distância a que o título desta obra alude – vinte mil léguas -, permitindo aos seus membros conhecerem lugares os mais distintos e exóticos, e viverem as mais fantásticas histórias, ora sob o mar, ora na superfície.
Júlio Verne foi um romancista profundamente inspirado pelos avanços científicos e tecnológicos do contexto em que viveu. Esta marca no seu pensamento é tão profunda, que ele decide se dedicar à criação de uma obra mesclando ficção e conhecimentos proporcionados pela Ciência de sua época. Desta forma ele consegue transformar todo este saber em narrativas épicas, glorificando o esforço humano em seu combate aguerrido para subjugar e subverter as forças naturais.

EMILIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA

EMILIA NO PAÍS DA GRAMÁTICA
de Monteiro Lobato

Diante das dificuldades de Pedrinho com as aulas de Gramática com sua avó, Emília propõe a turma irem ao país da Gramática, levados pelo rinoceronte, que garantia ser grande conhecedor do lugar. Seguiram viagem em monta no rinoceronte - depois batizado pela Emília, por Quindim - Emília, Pedrinho, Narizinho e Visconde. Gramática é um pais com várias cidades, e eles decidiram visitar a cidade de Portugália, onde moram as palavras da língua portuguesa. Quindim, como se percebe em todo livro, não é um mero condutor das crianças ao país da Gramática, é sim, um grande gramático, que vai por meio de explicações lúdicas, facilitar o conhecimento das regras e dos conceitos gramaticais de nossa língua. 
Assim como na Gramática tradicional, a visita à cidade Portugália se inicia pelos sons da língua, depois ruma em direção das vogais e consoantes, passando pelo substantivo, adjetivo, verbos ... até ao estudo ortográfico. Tudo na maior diversão, com enredo cativante  e diálogos engraçados.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA

CRÔNICAS PARA LER NA ESCOLA
Ignácio de Loyola Brandão


Frases ouvidas na rua, diálogos de filmes, situações insólitas do cotidiano, notícias de jorna: o escritor registrou tudo no seu diário.
E transformou anotações em crônicas que nos emocionam pela leveza e pela sensibilidde. Ao registrar suas impressões do dia-a-dia, o romancista Ignácio de Loyola Brandão transforma-se num cronista afiado. Ele se lembra de Cássio, o rapaz geração-saúde, viciado em academia; da senhora misteriosa, cujo marido pesquisava o poder dos raios; e do jovem aterrorizado diante do vestibular. São pessoas que ele conheeu ou apenas viu de passagem, gente como você, que cruza as ruas histórias na história do mundo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

ARTE E CIÊNCIA DE ROUBAR GALINHAS - crônicas

ARTE E CIÊNCIA DE ROUBAR GALINHA
João Ubaldo Ribeiro
               A gente tem a tendência de pensar que só o que nós fazemos é difícil e complexo, cheio de sutilezas e complicações invisíveis aos olhos dos "leigos". Isto, naturalmente, é um engano que a vida desmascara a todo instante, como sae quem quer que já tenha ouvido com atenção qualquer homem falar de seu trabalho, que sempre, por mais simples, envolve atividades e conhecimentos insuspeitados.
          Assim é, por exemplo, roubar galinha. Tenho um amigo aqui na ilha que é ladrão de galinha. Camemo-lo de Lelé, como naqueles relatos verídicos americanos em que se trocam os nomes para proteger inocentes. So que, naturalmente, a nossa troca se faz para proteger um culpado, no caso o próprio Lelé. É bem verdade que todo mundo aqui sabe que ele rouba galinha, mas não fica bem botar no jornal, ele pode se ofender...
(trecho de uma crônica do livro)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

ARTHUR e a guerra dos dois mundos - Aventura

ARTHUR  e a guerra dos dois mundos
de Luc Besson



M., o maldito, sempre maquiavélico, aproveitou a abertura do raio da lua para crescer e passar para o mundo dos humanos. Todos temem o pior, pois essa criatura abominável agora mede mais de dois metros de altura e está decidida a conquistar novas terras.
Diante de uma ameaça tão terrível, Arthur e seus amigos usarão todas as artimanhas, aproveitarão todas as situações mais inesperadas, enfim, farão de tudo para estragar o assustador plano de Maltazard. Mas será que vale a pena lutar contra um monstro gigantesco quando se mede apenas dois milímetros de altura.

TIO ROBINSON - Aventura

TIO ROBINSON
de Júlio Verne



            Em 1861, um veleiro navega para os Estados Unidos da América, levando a bordo uma família: o pai, a mãe e os quatro filhos.
           Um dia, a tripulação se amotina e abandona a família em um bote, que acaba encalhando numa ilha deserta em pleno Pacífico, onde estes heróis involuntários, graças à ajuda de um intrépido marinheiro que os acompanha, deverão sobreviver em um meio hostil e desconhecido.
           Começa assim este romance de Júlio Verne, pertencente ao conjunto de arquivos e manuscritos que a cidade de Nantes adquiriu de seus descendentes em 1981.
           Tio Robinson é o primeiro romance de Verne cujos protagonistas são crianças e adolescentes. Dele, o autor iria tirar mais tarde vários elementos para publicar A ilha misteriosa. Divertido, envolvente e instrutivo, Tio Robinson continua sendo uma fonte inesgotável de sonhos para aqueles que amam os livros de aventura.